terça-feira, junho 19, 2007

monólogo de uma mulher moderna


"São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje. Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir musica, a cantar, etc. Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar. Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a puta ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela? Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando arvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de credito, a Internet! Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia! Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre "vamos conquistar o nosso espaço" Que espaço?! Que caraças! Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés!!! Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora? Onde é que eles estão??? Nosso espaço???!!! A merda... Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz. Essa piada... essa puta graça, acabou por encher-nos de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!!!! Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê? Digam me porquê, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos? A quem ocorreu tal ideia? Vejam o tamanhão dos bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos! Estava muito claro que isso não ia terminar bem. Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber agua a toda a hora e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho. E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!! tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo! E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!!!! Que desastre! Não seria muito melhor continuar a cozer numa cadeira?? Basta!!!Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela! Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles?? Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama... Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Quero um maridinho que chegue do trabalho, que se sente ao sofá e me diga: Meu amor não me trazes um whisky por favor? ou: O que há para jantar? Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa. Pensas que estou a ironizar ou a exagerar? Não minha queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas liberais.... e idiotas! Estou a falar muito seriamente: Abdico do meu posto de mulher moderna."E digo mais: A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens se esfalfarem a trabalhar para sustentar a nossa vida boa! Agora somos iguais a eles! Ai ai!!!"
(Autora desconhecida)

8 comentários:

Unknown disse...

E depois não admira que os homens não as entendam!

Fresquinha disse...

A minha experiência (curta) de vida diz-me que se os homens as entendessem, deixavam de gostar delas. :-)

Mas lê devagarinho ....

Unknown disse...

Para isso era primeiro uma pessoa se entender a ele próprio. Como tal não é possível...

cris disse...

Bem iguais, iguais, iguais...não é bem assim. ehehehehe eu faço depilação!!!


Bj

Fresquinha disse...

Dr.,
As coisas complicam-se quando as pessoas partem do pressuposto que o outro deveria ser mais perfeito que nós.

Cris,
Há gajos que também fazem. Realmente a diferença são as jóias de família no plano físico, e todas no plano mental. :-)

cris disse...

eheheheheh...

e xixi de pé? ein??? eu na faço. Lol
bou comer. A falta de comida dá-me cabo do neuro e do ónio.


beijocas

Anónimo disse...

Apesar de ter algum fundo de verdade, não deixa de ser uma visão burguesa e limitativa da vida * que era vivida por uma minoria da mulher portuguesa. A minha avó não bordava apenas nem trocava receitas e receitas culinárias com as amigas. Trabalhava no campo de sol a sol, tal como o meu avô, para poderem ter uma sardinha para dividir por 6 pessoas.

Quem escreve assim, deve concerteza ter demasiado tempo livre para se ludibriar com Hollywood.

Fresquinha disse...

A minha avó era engenheira, fazia poesia (Maria do Ó) e era uma excelente cozinheira. Penso que este é um relato de uma mulher que sempre trabalhou muito e que chegou à conclusão que muitas mulheres estão chegando. Que, a família nuclear desapareceu porque não há tempo para dialogarem ou fazerem coisas em conjunto, os filhos crescem na rua, ou nos ATL, que a escola é responsabilizada pela educação dos filhos que não teve na sua totalidade, que o casamento é o caos que é porque os dois já nem fazem amor porque andam no stress da vida laboral e muito menos comunicam por falta de tempo, etc, etc. E prefere um compromisso. Não vejo mal algum no seu discurso. Acho que muitas mulheres estão a achar que mais vale salvar a família e ter tempo para fazerem o que gostam do que comprarem 2 carros, 3 tv's, casa de férias e férias no Japão. É um ponto de vista que respeito.
Não concordo na totalidade que assi seja, porque não vejo porque será sempre a mulher a sacrificada pela família. O que acontece, é que nesta sociedade em que vivemos, o homem continua a ganhar mais do que as mulheres e tem mais oportunidades de trabalho, e a opção continua a ser muito limitativa para as mulheres, que ao fazerem o seu orçamento, preferem ser elas a prescindir do que ganham - caso, decidam que um dos dois tem que deixar de trabalhar.
As mulheres alemãs estão a preferir ficar em casa ...falam as estatísticas. Mudam-se os tempos.