segunda-feira, novembro 24, 2008

o paradigma da vítima


Todos nós fomos vítimas, ou temos memória de uma situação em que nos sentimos impotentes, descontrolados ou desamparados. Os detalhes das histórias das vítimas são muito reais e servem como um lembrete de que, apesar de nossos melhores esforços, nós podemos nos superar através de pessoas ou eventos, e que a nossa vida pode mudar num instante. Chamado "o virar da mesa".
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Todos nós passamos por diferentes aspectos de ser vítima na nossa vida, começando com a infância quando somos vulneráveis e dependentes, à idade adulta onde tentamos conquistar os nossos sonhos, em face do que parecem ser desafios insuperáveis.
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Somos confrontados com a escolha de sermos vítima, ou superarmos as nossas limitações percebidas, ao nos tornarmos vencedores e recuperarmos o nosso poder.
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O paradigma da vítima é aquele que toda a humanidade deve - e pode - superar e libertar. É parte de nossa jornada espiritual individual e colectiva. A nossa história de vítima pode começar na infância quando nos lembramos dos incidentes ao sermos rejeitados por outros, ou pelos nossos pais que foram emocional ou fisicamente indisponíveis, ou as nossas necessidades não foram satisfeitas de algum modo. Ou talvez algo acontecera, tal como uma doença, um abuso, uma vida difícil no seio familiar, a morte dos nossos pais, irmãos ou irmãs que criaram um trauma e começaram a criar o paradigma de vítima nas nossas vidas. Sem compreendê-lo, este paradigma torna-se o nosso padrão de vida e determina o curso que a nossa jornada tomará. Então, atraímos pessoas e situações que se relacionam, e até intensificam, o nosso padrão de vítima porque esta é a energia com a qual vibramos.
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Quando imaginamos por que as pessoas não são respeitosas, não nos honram ou parecem sair do seu caminho para nos bloquear em cada instante, que a nossa vida é difícil, nós ficamos infelizes, desafortunados ou insatisfeitos, e a resposta está no nosso paradigma de vítima.
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Embora possamos sentirmo-nos muito solitários com a nossa história de vítima, cada pessoa tem uma. Até a pessoa mais realizada do mundo abriga um medo secreto de que ela se tornará vítima por algum incidente passado esquecido, de um recém-chegado que a ofuscará ou que será defrontada com um conflito que revelará uma fragilidade. Embora possamos não nos chamarmos de vítima, os nossos pensamentos, as nossas crenças e acções contam outra história.
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Uma vítima tem muitos problemas, desapontamentos, expectativas não satisfeitas e sonhos não realizados. Ela frequentemente pensa que os outros parecem ser mais afortunados, dotados, abençoados do que ela.
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Uma vítima compartilha as suas histórias de vítima com cada um, porque ela quer a simpatia e sabe que elas não estão sozinhas na sua infelicidade. Ela pode ter recebido o "treino de vítima" através da sua família, que pode ter padrões geracionais de crenças de vítima. E ela torna-se uma vítima da sua própria história de vítima.
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Então, ela atrai outra, que se aproveitam dela, porque quando nós somos uma vítima, atraímos tiranos, pessoas controladoras, manipuladoras ou dominadoras e assim, alimentamos o seu poder. Elas sugam ... e sugam, e sugam as poucas energias da vítima e alimentam-se da sua vulnerabilidade. Porque vivem sem luz, e precisam da luz dos outros, dos bons, das vítimas, dos inocentes. Basta estarmos em situação difícil, e o desfilar de abutres acontece. Já reparáste ? É o amigo que nos compra o bom a preço do mau, é a "amiga" que finalmente diz em surdina "é bem feita que é para aprenderes", são os ex que rejubilam porque conhecem os pontos fracos que «são de aproveitar», os oportunistas "que dão, se ..." e ainda cobram com juros, é o conhecimento que pode dar a mão mas quer o braço, a família que, de repente, "tem os seus problemas" e a vizinha que "não se mete na vida alheia".
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Quando estamos a funcionar sob o paradigma de vítima, nós enviamos uma mensagem aos outros de que somos impotentes e que eles são mais poderosos do que nós. Quando precisamos de ajuda, podemos encontrar alguém que responde à nossa chamada, mas se lhes dermos o nosso poder, em retorno pela sua ajuda, nós estamos impulsionando-nos mais ainda para o paradigma de vítima. Então o nosso "salvador e libertador" pode tornar-se a pessoa que nos controla, que se torna um tirano e acabamos por sair de um papel de vítima para outro ainda pior.
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Houve situações em que as pessoas abusaram de nós, aproveitaram-se de nós, ou não fizeram o que acreditávamos que deveriam ter feito. Mas dentro de cada uma destas histórias de vítima, há uma lição cármica, um contrato da alma, e um ponto de partida para a nossa jornada ao perdão, à transformação e à conclusão.
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Nós temos uma escolha de permanecermos uma vítima, e continuarmos a sofrer na impotência, ou então reunirmos os fragmentos feridos da nossa alma e nos tornarmos vitoriosos, mestres espirituais que compreendem a cena maior e podem escolher a cura, e não a dor, o momento presente e não o passado, e uma vida de abundância e de satisfação, e não, a da carência e do sofrimento.
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A todos nós é dada a oportunidade de reconhecer o nosso "status" de vítima e de escolher outra opção, de criarmos um novo paradigma do mundo onde não haja vítimas, e libertarmos para sempre este paradigma da energia da Terra.
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Mesa virada, vida na frente.
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