.
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
.
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
.
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
.
hei-de inventar um verso
que vos faça justiça
.
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-me saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
Mia Couto, em "Companheiros"
2 comentários:
adoro mia couto .:)
O Mia sempre miou muito bem :-)
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