sábado, dezembro 06, 2008

um (des)conto de Natal



Contribuo amiúde no blog Bancada Directa (por falta de tempo, como sabem) mas recentemente desafiaram-me para participar com "Um Conto de Natal". Não faria muito sentido, depois da sua publicação, não o mencionar aqui. Aproveitem também para pôr a vossa cultura desportiva em dia e espreitem este blog. Há outro tipo de artigos, mas é essencialmente um blog desportivo.

E aproveitando a deixa, peço-vos encarecidamente uns pinhões (já viram o preço ?) para o blog de "A Mulher do Próximo" (não contando muito com isso, evidentemente, porque já sei o que a casa gasta) sobre o tema : "Um desConto de Natal" porque vai ser mesmo um Natal a fazer descontos ...

Seria descabido pedir-vos "Uma carta ao Pai Natal" , agora que já são crescidinhos !!! Convenhamos.

Aqui vai o meu exemplo: (como vêem cada um contribui com o que tem)
Quando o Natal era um conto, havia alegria e havia família. Na inocência do desembrulhar dos presentes, saltavam sonhos a cheirar a canela, a erva doce, a a casca de laranja. No Bolo Rei saiam trombetas de anjos de faces gordas, pintadas a dourado. O pinheiro reluzia e piscava ao compasso do coração.

Quando o Natal era um conto, havia música no ar. Nos corredores das lojas, as crianças abraçavam brinquedos, os pais condescendiam e esqueciam os caminhos trilhados de um ano quente e húmido, porém tranquilo. No olhar das gentes, um sentido que cruzava presépios e todas as estrelas.

Quando o Natal era um conto, a azáfama da cozinha recolhia-se nas mãos enfarinhadas das mulheres da casa, enfeitavam-se os doces e as tigelas dos figos, dos pinhões, das amêndoas e das ameixas. Fervia-se a fé em banho cauda, o sal provava-se na colher. À lareira, os homens mantinham o fogo e o calor da festa, reviam o passado, sonhavam futuro.

Quando o Natal era um conto, a mesa era branca e farta. A solidariedade e o sangue sentavam-se à mesa e esqueciam-se as azevias da vida. O arroz, sim, era doce. O amanhã grelava sobre o bacalhau azeitado, e bebia-se ao nascimento de novas esperanças.

Quando o Natal era um conto, havia sorrisos nos abraços. Os papéis e os cordéis acabavam dobrados nos sofás da paz. Acordavam felizes os apitos dos combóios, montavam-se as pistas, enfeitavam-se as bonecas, deitavam-se os palhaços e os peluches nas camas das crianças, abriam-se os perfumes e olhavam-se os relógios, faziam-se os puzzles com franca vontade, e voltava a ser Natal.

Assim era quando o Natal era um conto.
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Leonor de Saint Maurice aka Fresquinha

1 comentário:

Adriano Ribeiro disse...

Cara amiga Fresquinha
Podes contar com o meu pinhãozinho para a "A Mulher do Próximo" na semana que vem, se calhar, ainda mesmo, em Roquetas de Mar. Isto se um dos netos levar o portatil com internet.
Au revoir!
Onaírda