As coisas mais simples, ouço-as no intervalo do vento, quando um simples bater de chuva nos vidros rompe o silêncio da noite, e o seu ritmo se sobrepõe ao das palavras.
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Por vezes, é uma voz cansada que repete incansavelmente o que a noite ensina a quem a vive; de outras vezes, corre, apressada, atropelando sentidos e frases como se quisesse chegar ao fim, mais depressa do que a madrugada.
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São coisas simples como a areia que se apanha, e escorre por entre os dedos enquanto os olhos procuram uma linha nítida no horizonte; ou são as coisas que subitamente lembramos, quando o sol emerge num breve rasgão de nuvem.
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Estas são as coisas que passam, quando o vento fica; e são elas que tentamos lembrar, como se as tivéssemos ouvido, e o ruído da chuva nos vidros não tivesse apagado a sua voz.
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(Nuno Júdice)
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