quarta-feira, janeiro 31, 2007
o Homem é um idiota
O homem fuma, apesar de todas as evidências, senão provas, de que o fumo causa moléstias como o câncer, enfisema, hipertensão, impotência, infarto e, ainda o provarão, unha encravada. O estado-homem é duplamente idiota – fuma e permite que fabriquem e vendam cigarros. Cigarros e charutos, verdadeiros ou falsos, ameaças à saúde pública. O homem também fuma outros fumos, que não o Virgínia, próprio para os cigarros vendidos enrolados. O homem joga na rua os tocos de cigarros que entopem os esgotos, contribuindo para as inundações que afogam os homens. Homens de terno e gravata que soltam fumaça e enchem as ruas de lixo, menos papéis. Papel não, é lixo. Bagana pode, é cigarro.
O homem bebe, ficando tonto e fazendo besteira, porcaria também. Também fere, mata e fica de ressaca. Bate o carro e na família. E o estado-cúmplice é sócio. Sócio que ganha pelo imposto que recolhe e pela saúde que só encolhe. Percebe e não gasta.
O homem se droga, com crack, cheira a coca e bebe a cola. Gosta da heroína. Se droga com a tv, com o Orkut e aspirina. O projeto de homem, que nunca será, cheira loló, que o homem que já é fabrica e vende. Os outros homens passam e olham. Olham, enquanto o homem fuma baseado no parque e na rua, onde todos homens sabem. Sabem do êxtase que o ecstasy dá, na rave dos homens que bebem água, só água. Senão dá bode no homem, e prejudica o negócio do homem que vende o ecstasy.
O homem come pimenta, quanto mais ardida, melhor. Ardida na entrada, por vezes na saída. O homem sofre, e gosta. Mostarda vulcânica arde o nariz. Montanha russa dá enjôo. E o homem gosta. Gosta da sensação de correr com o carro, até morrer. Gosta de assistir às corridas de caminhão porque os homens se arrebentam nos acidentes. Acidentes são os gols das corridas. Quanto mais, mais o homem gosta. Gosta dos buracos e acidentes que atraem multidões de homens que gostam de ver o líquido vermelho escorrer. Escorrer nas touradas, do touro ou do homem, melhor deste. Faz a farra do boi. Boi que não entende a bestialidade do homem-besta. Maldade não pode, pode a tradição, da besta. Besta que torce pelo time que vai perder. Aí o homem quebra tudo, porque homem que é homem, é besta coletiva, a mais besta.
O homem comemora dando tiros para cima, sabendo que a bala vai cair no homem. Em outro homem, que mal faz? São tantos os homens que atiram, que nunca saberão qual homem atirou. Saberão qual homem cai. Cai morto.
O homem é motoboy, que ultrapassa os homens de carro, pela direita. Debaixo do capacete não há homem. Homem não cai como boneco de pano que rola pela rua. Só vira homem, morto, quando lhe tiram o capacete. Capacete que esconde a imprudência do homem.
O homem joga caca no rio e come o peixe. Peixe que morre cheio da caca que o homem joga. Joga fora o resto do habitat do homem. Homem que vai ter de achar outro planeta para viver. Viver longe dos homens que vão jogar caca nos rios do novo planeta.
O homem que fica na fila vota. Vota no homem que o pôs naquela e em todas as outras filas. Só não fica na fila para sofrer e morrer. Para isto, o homem é livre. Liberdade que exerce, plenamente.
O homem é um idiota.
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terça-feira, janeiro 30, 2007
dias tristes
Publicada por Fresquinha à(s) 30.1.07 4 comentários
lições a aprender
Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes."
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social."
"Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios."
Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.
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apagar a luz e sonhar
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a hora da cobra
Um anagrama é uma palavra ou uma série de palavras cujas letras se recombinam para formar outra palavra ou série de palavras. Exemplo: «Pedro» = «Poder»
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Algumas curiosas:
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Elvis = Lives
Evangelist = Evil's Agent
Astronomers = Moon starers / No more stars
The Morse Code = Here Come Dots
Silicon Graphics = A Long Chip Crisis
A Decimal Point = I'm a Dot in Place
Eleven plus two = Twelve plus one
The Meaning of Life = The fine game of nil
Internet Anagram Server = Isn't rearrangement rave?
Salvador Dalí = Avida dollars
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MARQUES MENDES = DAMN QUEER MESS
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To be or not to be: that is the question, whether tis nobler in the mind to suffer the slings and arrows of outrageous fortune = In one of the Bard's best-thought-of tragedies, our insistent hero, Hamlet, queries on two fronts about how life turns rotten.
O gerador culpado destas coisas: http://wordsmith.org/anagram/index.html
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pain bagnat
-6 carcaças
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não vejo a hora
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significado dos nomes
E o teu ? Vê aqui
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subscrevo inteiramente
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hora da cobra
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segunda-feira, janeiro 29, 2007
Georges Wolinski
"não há cartunistas de direita, uma vez que a direita não tem dúvidas"
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Le paradis est plein d'imbéciles qui croient qu'il existe.
Vieillir, c'est savoir perdre.
Le premier homme qui est mort a dû être drôlement surpris.
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Le jour où la femme aura tous les droits, elle perdra tous ses privilèges.
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C'est difficile de prendre au sérieux une femme qu'on a envie de toucher.
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Un des derniers privilèges des hommes, c'est que nous n'avons pas besoin d'être beaux pour séduire.
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sábado, janeiro 27, 2007
ode
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We are the music makers,
And we are the dreamer of dreams,
Wandering by lone sea-breakers,
And sitting by desolate streams;
World-losers and world-forsakers,
On whom the pale moon gleams:
Yet we are the movers and shakers
Of the world for ever, it seems.
With wonderful deathless ditties,
We build up the world's great cities,
And out of a fabulous story
We fashion an empire's glory:
One man with a dream, at pleasure,
Shall go forth and conquer a crown;
And three with a new song's measure
Can trample an empire down.
We, in the ages lying
In the buried past of earth,
Built Nineveh with our sighing,
And Babel itself with our mirth;
And o'erthrew them with prophesying
To the old of the new world's worth;
For each age is a dream that is dying,
Or one that is coming to birth.
A breath of our inspiration,
Is the life of each generation.
A wondrous thing of our dreaming,
Unearthly, impossible seeming-
The soldier, the king, and the peasant
Are working together in one,
Till our dream shall become their present,
And their work in the world be done.
They had no vision amazing
Of the goodly house they are raising.
They had no divine foreshowing
Of the land to which they are going:
But on one man's soul it hath broke,
A light that doth not depart
And his look, or a word he hath spoken,
Wrought flame in another man's heart.
And therefore today is thrilling,
With a past day's late fulfilling.
And the multitudes are enlisted
In the faith that their fathers resisted,
And, scorning the dream of tomorrow,
Are bringing to pass, as they may,
In the world, for it's joy or it's sorrow,
The dream that was scorned yesterday.
But we, with our dreaming and singing,
Ceaseless and sorrowless we!
The glory about us clinging
Of the glorious futures we see,
Our souls with high music ringing;
O men! It must ever be
That we dwell, in our dreaming and singing,
A little apart from ye.
For we are afar with the dawning
And the suns that are not yet high,
And out of the infinite morning
Intrepid you hear us cry-
How, spite of your human scorning,
Once more God's future draws nigh,
And already goes forth the warning
That ye of the past must die.
Great hail! we cry to the corners
From the dazzling unknown shore;
Bring us hither your sun and your summers,
And renew our world as of yore;
You shall teach us your song's new numbers,
And things that we dreamt not before;
Yea, in spite of a dreamer who slumbers,
And a singer who sings no more.
Publicada por Fresquinha à(s) 27.1.07 0 comentários
fidelidade vs lealdade
E a lealdade é algo bonito. Posso entender quem faz objeções práticas à monarquia, mas não quem não vê a beleza dessa simples lealdade ao rei. Quando eu era adolescente também cometia a vulgaridade de achar que qualquer tipo de devoção entre duas pessoas do mesmo sexo é bichice: eu era o tipo de pessoa que acusa os outros de sonhar em “lamber as botas de X” sempre que se depara com a mais discreta admiração por qualquer figura de autoridade. E não tinha nenhuma vergonha do clichê, como todo mundo que usa clichês. Mas quem continua dizendo isso depois dos dezessete anos está seco e morto.*
Precisamos de alvos para a nossa capacidade de lealdade. Precisamos de exercício. Temos pessoas à nossa volta, e bichos, aos quais devemos lealdade, e falhamos até nisso – mas é bom ter uma oportunidade adicional e pública. Todos nós temos uma vasta capacidade de devoção e lealdade que não usamos para nada, e essa parte de nós pede sem parar pela volta da monarquia, mesmo que não tenhamos consciência disso e só percebamos em nós mesmos uma grande nostalgia de alguma coisa nobre e obscura e esquecida. Quanto a mim, sempre leio livros de história procurando no passado uma rainha (ser jovem, ser bonita ajuda) à qual possa dedicar a minha lealdade em retrospecto.
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sexta-feira, janeiro 26, 2007
de 5ª a 4ª
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Murcof, Truffaz, Singh @ Montreux
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must
diferenças de percepção
E o que é que aprendeste? Insistiu o pai.
7 - Nós usamos o microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogăo a lenha. 8 - Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes...Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos.
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maboque ou massala
...Sua pele macia era sumaúma
Maboque é o nome dado ao fruto em Angola, em Moçambique chama-se massala.
Há muitas histórias giras sobre a massala, a melhor para mim é a das migrações pela estrada do maná como único alimento. De facto, há uma enorme (longa) estrada a oriente de África na direcção n-s cheia de massaleiras e que pode ter constituído o maná vindo dos céus. Na realidade trata-se de uma longa rota dos elefantes que se alimentavam das massalas e aqui surge a parte curiosa da história: é dificílimo plantar uma massaleira, pois esta requer condições de humidade, calor e não sei que mais que são condições que só o elefante pode dar. Quando defeca, os caroços da massala vão envolvidos no ambiente quente e húmido requeridos para fazer desabrochar a massaleira, criando-se assim um ciclo contínuo: a massaleira alimenta os elefantes e estes
são únicos que fazem nascer massaleiras. O maná seria o fruto dos céus oferecido pelos deuses, único alimento nessa rota de emigração.
Publicada por Fresquinha à(s) 26.1.07 0 comentários
quinta-feira, janeiro 25, 2007
a felicidade é um lugar que visitamos
Pensamos que queremos ser sempre felizes, mas o que é facto é que uma emoção, como a da felicidade, é um sistema primitivo de sinalética. Não é suposto mantermo-nos felizes durante um terramoto. "
Publicada por Fresquinha à(s) 25.1.07 2 comentários
ginástica no Tico e no Teco
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