quarta-feira, junho 18, 2008



Anda por aí a febre do futebol. Embora continue a fazer correr rios de tinta, já pouco falta dizer sobre o desporto-rei. Porém, um dos aspectos que têm sido menos referidos é o seu lado científico.

Científico? Sim, o futebol é uma paixão, com grande dose de irracionalidade, mas tem um lado científico. Os movimentos da bola podem ser analisados aplicando as leis da física newtoniana. Os movimentos dos jogadores têm a ver com a biomedicina.
Os equipamentos e a própria bola são resultado de tecnologias avançadas. E até a evolução das equipas em campo pode ser estudada com poderosos meios informáticos. Por exemplo, João Moutinho foi o português que mais correu no último jogo contra a Turquia, tendo percorrido 10,227 quilómetros.

O físico inglês Ken Bray tem-se especializado na ciência do futebol. Com um doutoramento em física quântica, é investigador convidado no grupo de Ciências do Desporto e Educação Física na Universidade de Bath. O seu livro “How to Score” (Granta Books, 2006) analisa, do ponto de vista científico, alguns dos principais jogos dos últimos anos. Um dos casos de estudo é a decisão por penáltis, favorável a nós por 6-5, no Portugal-Inglaterra do Euro-2004. Bray calculou a área da baliza que um guarda-redes pode cobrir, que é de 72 por cento. Quer isto dizer que chutos dirigidos para a área não coberta, nos dois extremos da baliza, são indefensáveis, porque pura e simplesmente o guarda-redes não consegue mergulhar até lá. Ora ganha quem sabe.
Dos sete pontapés lusitanos um foi muito alto (Rui Costa) e outro entrou apesar de ir à figura do guarda-redes, enganado pelo “teatro” de Hélder Postiga. Todos os outros remates, incluindo o do golo final de Ricardo, foram com precisão para a área não coberta. Quanto aos ingleses, Beckam falhou e Hargreaves atirou sem hipótese de defesa, mas todos os outros cinco chutos foram para a zona coberta da baliza. Ricardo defendeu um e podia ter defendido mais. A física pode ser do inglês Newton, mas nesse dia nós é que a sabíamos toda...
Autor: Carlos Fiolhais

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