não fossem os abismos e a maneira temerária
de regressar. não fossem as foices cautelosamente
empunhadas pelos homens fendendo a luz, os
filhos proferidos ao temível banquete de anjos onde
se entristece como quem flore ao longe. não
fosse a fonte na incisão imagética do golpe que refaz,
os frutos negros colhidos entre duas mãos abertas. não
fossem as florestas efervescentes, as escarpas inclinadas
para dentro, a irrascibilidade das aves azuis murando
procissões ou o pó aceso do fim da tarde. não fossem
unhas, calcanhares intensamente recolhidos, a trave no
pescoço orbicular – não fosse, confesso, esse lugar apoteótico
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Autora: Maria Rodrigues
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