sábado, janeiro 13, 2007

oração


Rogo a Deus que me oiça, na sua pressa de partir
E na minha pressa de ficar.
Rogo a Deus que me oiça na sua pressa de ouvir
E na minha pressa de viver.
Rogo a Deus que me oiça no meu grito de solidão.
Escuta-me ...

Ainda não encontrei o Caminho
Para lhe saber o sabor do fim.
Ainda não sei porque vim, o que faço, o que sou,
Onde estou, de quem sou.

Corri, andei, subi e desci
E voltei ao ponto zero donde parti.
Chorei, sorri, dancei, morri mas não fiquei.
Torno a subir, a descer, a correr.
Rodopio e caio. Canto e choro.
Procuro e perco-me.
Mas porquê esta roda sem parança,
Com grilhetas, ferros, porcas e tranças ?!
Onde está o caminho ?

Vejo que as estrelas se apagam
E que a escuridão me cerca.
Vejo que a luz se vai
Mas que o sol não nasce !
E eu sei que para lá de toda essa procura,
Há gente que ri, que sofre mas ri.
Eu sei tudo isso.
Eu sei que há campos de flores com côres !

Porque não me fizéste uma pedra
Que o caminhante pisa mas que não se sente
Não dói e é sempre pedra ?
Porque não me fizéste um pássaro, uma côr, uma flôr ?
Porquê, Senhor ?
Porque não fui eu água que sobe mas desce,
Entre o Céu e a Terra, entre a Terra e o Céu ?
Porquê, Senhor ?

Olho a gente que passa, que sómente passa,
Olhando para mim, dizendo que sou louca.
Olho a gente que desce, que sómente desce,
Olhando para mim, dizendo que sou louca.

Tu sobes, desces ou passas ?
Qual de nós estará louco ?
Eu ?!
Tu, Senhor ?!
Rogo-te que me respondas.


Fátima de Saint Maurice

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