domingo, janeiro 27, 2008

origem de apelidos



Notas e Dicionário das Famílias Portuguesas
de D. Luis de Lancastre e Távora
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"Os apelidos começaram por não existir e o aparecimento do uso dos nomes de família é bastante posterior à fundação da nacionalidade. É certo que já no século IX se nos deparam indivíduos nomeados em documentos oficiais com nome próprio e patronímico. Este porém mais não era do que a indicação do nome paterno."

"Foi no período compreendido entre o terceiro quartel do século XII e finais da centúria seguinte que começaram a generalizar-se em Portugal os embriões daqueles agregados familiares que viriam por fim a usar os primeiros apelidos ou nomes de família."

"Provenientes das designações das regiões de origem e morada ou de senhorios e propriedades, e também de alcunhas, esses apelidos só aos poucos vieram a ter uso continuado nas descendências dos seus utentes primevos e, portanto, a individualizarem pessoas interligadas por próximos laços de consanguinidade."

" A mais copiosa fonte de que brotaram os nossos apelidos é a do mundo animal. Dele sairam as famílias dos Leões, Carneiros, Borregos, Cordeiros, Raposos, Galos, Pintos e Coelhos.
Outro abundante manancial de apelidos é o mundo vegetal e aí temos as famílias dos Pinheiros, Carvalhos, Pereiras, Oliveiras, Soutos, Moitas.
Aos ofícios houve igualmente quem fosse buscar o nome formando as famílias dos Marchantes, Marceneiros, Carpinteiros, Ferreiros.
Os defeitos ou qualidades físicas de alguns produziram os Feios, os Belos, os Ruivos, Trigueiros.
A moral originou outros como os das famílias dos Bons, Severos, Leais.
É também de salientar que a maioria da onomástica familiar portuguesa é formada por patronímicos."

DICIONÁRIO DE APELIDOS

ABREU - Este apelido tem também raíz toponímica visto provir da designação da terra e honra de Abreu, hoje termo de Monção. Trata-se de uma família com nobilíssimas e remotas origens, que se poderão situar ainda no séc. XII.

ANDRADE - Família de grande nobreza e antiguidade proveniente da Galiza, cujo nome deriva da vila de Andrada. Várias vezes os seus membros passaram a Portugal, mas foi só Rui Freire de Andrade que aqui se fixou em definitivo com seus dois filhos, em pleno século XIV, deixando larga descendência que adquiriu grande lustre ao longo das gerações.

CAMPO ou CAMPOS - Nome de raíz naturalmente toponímica, é um único se bem com a variante do plural. Uma das famílias que o adoptaram por apelido é de origem espanhola, tendo passado ao nosso país um ramo em finais do século XIV, aqui se ligando por casamento a famílias de boa e comprovada nobreza.

COSTA - Este apelido identificou uma família da nobreza medieval portuguesa que poderá derivar de um protonotário apostólico que viveu no nosso país em princípios do século XIII, de origem grega e denominado Nicolau Kosta.

CARVALHOSA - Nome de origem toponímica, visto que tirada de uma Quinta na comarca de Santa Cruz de Riba-Tâmega, a família que o adoptou por apelido existe pelo menos desde a segunda metade do século XIII.

FREITAS - é um nome com raízes toponímicas dado derivar da designação do Paço de Freitas, na comarca de Fafe. Muitos são os genealogistas que fazem derivar os Freitas de D. Gonçalo Ouveques, o fundador do Mosteiro de Cete.

GOMES - Tratando-se de patronímico, é óbvio que exisitiram muitas famílias que o adoptaram por apelido e que nenhuns laços de consanguinidade ligavam entre si.

GUEDES - Tratando-se do patromímico do nome próprio Gueda, nem por isso deixamos de reconhecer que existiu uma família de mais alta hierarquia em que aquele se fixou como apelido desde remotas eras, sendo aquela um ramo de linhagem dos «de Baião». Apesar de algo decaídos em relação à grandeza primitiva, estes Guedes lá foram mantendo parte substancial da antiga tradição, o que ainda se verifica na segunda metade do século XVI. São os chefes da antiga linhagem dos Guedes os descendentes dos morgados de Santa Comba, na sua linha de primogenitura.

LIMA - Nome de raízes toponímicas, seja ele derivado da designação da terra de Límia, na Galiza, ou, como alguns pretendem em relação aos Limas portugueses, da de Ponte de Lima.

MONTEIRO - Poderá este nome ter raízes toponímicas, como pode derivar de alcunha granjeada pela prática de um ofício. Os mais antigos membros desta família que se conhecem documentados são do século XIV.

MORATO - Nome derivado de alcunha provável, desta família de origens espanholas passou a Portugal um ramo na pessoa de Gonçalo Morato, meirinho-mor de Leão que, depois de Toro se viu forçado a fixar-se no nosso país, vivendo e morrendo no Alentejo, em finais do século XIV, ali deixando descendentes que lhe continuaram o nome.

PESTANA - Esta família da pequena nobreza do Alentejo usou as armas dos Costa, cuja linha mais antiga documentada é a varonia Marim Gil Pestana , escudeiro nobre que viveu em Évora na segunda metade do século XIV.

RAMOS - Sendo este nome derivado de simbologia religiosa, haverá mais que uma família a tê-lo adoptado por apelido.

SILVA - Nome de raízes toponímicas, foi extraído da torre e honra desta designação, junto de Calença. A linhagem que o adoptou como apelido é de remotas e nobres origens, pois que anteriores à fundação da Nacionalidade e derivada da Casa Real de Leão

SIMÕES - Tratando-se dum patronímico, existirão imensas famílias que adoptaram por apelido este nome, sem terem nada a ver umas com as outras.

via
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ALCUNHAS E APELIDOS
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Aqui nestas linhas vão
Alcunhas e apelidos
Dos vivos e falecidos
Da Vila de Cabeção
Com toda a consideração
E respeito que merecem
Porque há nomes que não esquecem
E que devem ser lembrados
Vê - los aqui misturados
Até iguais nos parecem.
Rolas, Milheiras, Pardais
Cotovias, Gaviões
Há cá muitas gerações
Com os filhos e os pais
Com estes nomes herdados
Passarinhos assustados
Com os Ratos e Ratões
Há Borregos, Ruivos e Rosados.
Courinhas, Litros, Calados
Alfaces, Favas, Feijões
Também há muitos Bailões
E Canelas Doutorados
Há Chitas em vários lados
Carreiras por toda a parte
Também há muito Duarte
E ainda alguns Conichos
Carpelhos, Sapos e Bichos
Não se vê em qualquer parte.
Calixtos, Pinas, Malhões
Pintos e Arrepiados
Nomes que hão-de ser lembrados
Como são os Barranhões
Condes, Bécos e Gánhões
Aleixos e Carrachichas
Alfuredas e Conichas
Motas, Pessas e Prudêncios
Há Gaitas e Florêncios
Lagartos e Lagartixas.
Já cá houve um Cagarrana
Que Deus o tenha em descanso
Até o padre era Manso
Também cá temos Choupana
Houve o meu primo Cagana
Ramalhos, Ramos, Raminhos
Bainetas, Crocas, Mansinhos
Manaias, Cunhas, Catrouchos
Galegos, Miras e Mochos
Há Penetras e Rainhos.
Borreichos e Cravidões
Ainda temos bastantes
Muito menos do que dantes
Vão morrendo as gerações
O frio não escolhe estações
Há Velhotes e Tájolas
E Rufinos e Carolas
Também há se não me engano.
Ainda temos Pinguinhas
Nesta terra de bons vinhos
Vinagres e Moleirinhos
Fizeram boas farinhas
Torrados e Torradinhas
Com "torrão" de maravilhas
Que vem de mães e de filhas
Ou dos pais ou dos avós
Ainda há Cananós
Calhaus, Cristetas, Guerrilhas.
Nesta vila de mistérios
Onde também há Dóbigos
Também há um Espeta - figos
Que é da raça dos Valérios
Muitos estão nos cemitérios
Ou aqui ou noutras partes
Serranos e Alfaiates
Há Rabichos e Cachuchos
Sem ter quartel há Galuchos
Carronhas, Pilas e Prates.
Mosteias, Russos, Silvérios
Também há muito Batata
E um Cabeça-de-Pata
Que é um dos casos mais sérios
Cortiços, Veredas, Quitérios
Arraiéis e Machadinhas
Leandros e Cabecinhas
Vitorionos e Guerreiros
Bárrões, Teles e Salgueiros
Cabaços, Pires e Faquinhas.
O Patála e o Furão
O Manelim, o Mejinhas
Cartaxos e Pázadinhas
Laradas, Melros, Carão
Um cantor que era Falcão
Pelintras, Canas e Putos
Eram espertos e astutos
Tinham boa condição
Em qualquer ocasião
Não eram fracos nem brutos.
Dordio, Matola, Clemente
Morreu o Manél da vinha
E o Chico da Hortinha
O Cumpeixe e o Vicente
Um Feliz e um Dormente
Também há o Gasparinho
E houve muito Godinho
Mas só um é que era rico
Já me esquecia do Chico
E d'Amélia do Montinho.
Já cá tivemos os Louras
Artistas da concertina
A Pombala e a Balbina
Senhorinhas e senhoras
O Margarido e os Estouras
Batata-Doce e Silveira
Manél Zé-Quinta-Feira
Também houve a Mari'Estina
A pomba e a Carolina
Que casou c'o Cafeteira.
Em tempos houve Charrelas
Qu'inda eram meus parentes
Já morreu o Simão Dentes
Mas há Dimas e Varelas
Até havia Grandelas
O Varandas e o Rosil
Camioneta e Parrachil
O Tarefa e Mâncio Brás
Nos meus tempos de rapaz
O J'aquim de Montargil
Também temos cá os Gens
Um deles até é Tinto
Um Curto que era Jacinto
E Barbosas e Estevens
E estamos de parabens
Por ter tido um Papa-Vinho
Que não bebia sózinho
E foi p'ra outra cidade
Esperança e Felicidade
Também há neste caminho.
É uma terra importante
Graças a Deus Nazareno
Ter um Grande e um Pequeno
Um anão e um Gigante
S'isto não fôsse bastante
Ainda há muito coelho
Como não hei-de estar velho
Já lá está o Luis Mâncio
O Pôpa e o Bundâncio
O Latas e o Traguelho.
Badôfos, Lérias e Rentes
Farungas, Bogas, Casmarras
Terra de coisas tão raras
Com estes nomes diferentes
E quási todos são parentes
Mistura-se a geração
Aqui deixo a gratidão
Ao herói que era Mouquinho
E ao mestre João Godinho
Um poeta de eleição.
Há Gatos por todo o lado
Catapirras, Tabaréus
Chinelos e Calhabéus
Com Guitarras sem ter fado
Como o mundo está mudado
A coisa vai a estar preta
É verdade, não é trêta
Digo com muita emoção
Muitos nomes que aqui estão
Estão na Quinta do Larreta.

3 comentários:

xico.lf disse...

Fresquinha,
Muito interessante!
É sempre bom saber e o saber não ocupa lugar!
:))

xico.lf disse...

Genial! Liiiinndo!!!
:)))

Anónimo disse...

Muito distraido,gostei muito!:-)))
Beijo