sábado, junho 07, 2008

a sedução da energia da carência


Recebam uma dica dos Israelitas (Israel produz 95% de sua necessidade de alimentos e ainda exporta mais de um bilhão de dólares por ano. Dada a necessidade de racionar a água, os seus pesquisadores criaram uma avançada tecnologia de irrigação que permite a redução do consumo de até 60% em relação aos métodos convencionais; e é complementada por outros recursos, como reciclagem de água de esgoto para algumas culturas, dessalinização, uso do lençol freático do deserto do Neguev. Neste momento, a empresa israelita Netafim está construindo uma fábrica em Ribeirão Preto (SP), que será inaugurada até o fim do ano para produzir equipamentos de irrigação localizada, como tubos plásticos, gotejadores. Os israelitas produzem e exportam também agrotecnologia), que sabem como produzir o alimento além de suas próprias necessidades, de um modo maravilhoso, eficiente e geralmente muito, muito equilibrado.
Não há falta de alimento no Mundo. Há, ao contrário, abundância. Há manipulação de mercados, e há esta sedução da energia da carência.
«A carência é a convicção interna do percebimento de que ninguém é capaz de preencher a nossa fenda afectiva. Há muito tempo a mesma deixou de ser sinônimo de solidão, pois é sentida em todas as esferas do relacionamento: casamento, namoro e família. A carência é o teste supremo de que nunca teremos controle sobre nossas reais necessidades pessoais, estando à mercê dos valores impostos pelo social: beleza, sedução e segurança, como exemplos. A pessoa carente exacerba a sua percepção social de que realmente quase nenhuma pessoa se importa com os sentimentos do outro, sendo que tal idéia se transforma num conflito torturante, pelo facto da desconfiança de que isto esteja a acontecer no quotidiano do indivíduo.
O carente muitas vezes adopta sua postura como se fosse uma espécie de "profissão", eliminando sua possibilidade pessoal de desvinculação das antigas imagens neuróticas. Sua dependência reside no retorno da infantilização emocional, mesmo que tais vivências tragam imensa dor psicológica. Mas como é possível a continuidade de tal sofrimento, seria um traço masoquista de personalidade? Creio que não, o que acontece nesses casos é que alguém que foi atacado em sua auto imagem ou amor próprio desenvolve um dispositivo mental de servidão perante a figura agressora, com a finalidade inconsciente de estar ao seu lado até que a reparação seja efetuada. É um clamor híbrido de vingança e justiça que transcende o tempo, se fixando no acontecimento passado em detrimento de formas atuais de compensação para sua carência. O carente guarda uma memória emocional extremamente elevada, pois sente que a sua rebelião não se deu no ponto devido, guardando para si uma tarefa que parece interminável: a cura de sua ferida perante uma pessoa que deteve e ainda detêm poder sobre seus afectos. A carência abre brechas para vários processos neuróticos que a pessoa acaba por desenvolver. Assim como espera a reparação sublinhada acima, adopta uma série de comportamentos fragilizados (choro, angústia e medo, p.ex,) no sentido do meio ao seu redor perceber a sua existência, mesmo que a pessoa seja vista negativamente, ou que isto traga imensa dor ao ego. O carente teve um treino onde seu narcisismo pessoal foi totalmente invertido, se tornando numa auto crítica incessante. »
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