sábado, julho 12, 2008

poemas inéditos de Pablo Neruda descobertos no Chile




A existência de um livro manuscrito que o poeta Pablo Neruda dedicou a Alicia Urrutia, sobrinha da sua mulher, Matilde, em 1969, foi revelada por um advogado e coleccionador chileno, noticia a Lusa.
Segundo indicou ao diário El Mercurio, Nurieldín Hermosilla obteve o livro através de um livreiro que, por sua vez, o comprou a uma pessoa que não identificou, «por uma soma muito elevada».
De acordo com o matutino chileno, a série de poemas é dedicada a Alicia Urrutia, a jovem sobrinha da sua mulher, Matilde, por quem Neruda se apaixonou no final da vida e a cuja existência vários outros escritores se tinham já referido.
Para Hermosilla, que possui uma vasta colecção de objectos do Prémio Nobel da Literatura 1971, não há hipótese de os poemas reunidos sob o título «Álbum de Isla Negra» serem uma falsificação.
«Concentro-me sempre no P de Pablo: é muito difícil fazê-lo. E tudo corresponde: caligrafia, estilo, sistema», sublinhou o coleccionador, acrescentando que, além disso, os poemas estão escritos na sua característica tinta verde e com desenhos.
«O álbum é uma prova directa e definitiva, a partir da pluma do poeta, dos seus amores com Alicia», observou.
Alicia Urrutia, que reside na cidade de Arica, no norte do Chile, foi acolhida, juntamente com a sua filha, Rosario, na casa de Neruda de Isla Negra em inícios da década de 1960, segundo o matutino.
No manuscrito de 14 páginas, pode ler-se a dedicatória que Neruda dedica a Alicia com tinta verde e várias flores.
«Isla Negra. Pablo Neruda. Para que navegues pela minha poesia. Para a minha querida Alicia», diz o texto.

Noutras páginas, a que o jornal chileno teve acesso, diz o seguinte:

«Aqui na Isla Negra está a onda
desfeita que traz a tua recordação
companheira do céu.»

«Nos teus sonhos nascem as ondas azuis
que guardo neste livro perdido
Eu colecciono as tuas lágrimas
Elas voam para uma caixa que guardo num jardim onde só chega a tua sombra».
«Aqui está a árvore do esquecimento
dela tirei um bocado de madeira para gravar o teu nome».

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Fonte: Diário IOL

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