ASSIM VAI PORTUGAL ...
"As Farpas" de Eça de Queirós
133 anos depois........
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«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»
.«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»
Isto foi escrito em 1871, por Eça de Queirós, no primeiro número d'As Farpas. --
9 comentários:
Já tinha publicado isto lá no tasco e só espero que a blogosfera inteira não se canse de o publicar também. Parece que o pobinho anda a precisar de uma boa marretada para abrir os olhos!...;)
Sabes, se a gente insistir muito, ele (pobinho) deixa de acreditar ...
É o deixa andar !
:-(
Se bem me lembro (parafraseando Nemésio) cantava o poeta da sentida balada (tb cantou a de Coimbra):
- o que faz falta é avisar a malta!
Por isso minha amiga, que nunca de doía a voz nem tremelique a pena, enquanto o sofrimento esventre do Minho ao Pico, passando pelo Curral das Freiras e não esquecendo Mourão a caminho do Porto Santo sem esquecer as Desertas, porque os coelhos também são pátrios....ergue a contestação como gritou o idealista:
- Poeta sim.....capado não!
Kandanda,
Os portugueses não têm falta de informação. Muito pelo contrário: têm excesso de informação. E como lia há pouco, um produto com pouca informação vende mais do que um cheio de informação. Verdade. Curioso, né ?
Fresquinha:
O que os portugueses têm a muito ruído e quando isto acontece a mensagem não é compreendida como deveria. Este barulho tem a ver com a injustiça, a pobreza, a iletracia e os conflitos estéreis norte/sul do futebolzinho terceiro mundista que nos chupa até ao tutano sem olvidar a barafunda bem urdida entre funcionários públicos e privados. Os nossos média são pouco arrojados para o esclarecimento rigoroso e estão mais interessados na trinca palaciana são bentina, ou entre Belém e a provedoria sem esquecer os comendadores da treta e aquele estorninho que jaz podre na cadeira do Banco de Portugal!
"Vivemos num mundo de espelhos, numa fogueira de ilusões. Consideramo-nos informados e esclarecidos mas nos assuntos sérios, opções estratégicas, problemas de fundo, novas infra-estruturas, escândalos empresariais, temos de admitir que ninguém se entende".
João César das Neves, "Diário de Notícias", 25-02-2008
Kandanda,
Os portugueses têm sim muito ruído interior. É um povo barulhento porque gosta muito de se ouvir. O som das palavras ditas e não-ditas ficam muito alèm do seu barulho interno. Não é desculpa. Nós, planeamos mal e organizamo-nos mal. E por isso gerimos mal as nossas vidas, as nossas empresas, o nosso País. Elegemos mal e procuramos sempre um bode expiatório, a quem chamamos governo, seja ele de que côr fôr. Criticamos tudo e todos, quando deveríamos começar por fazer o nosso trabalho de casa.
Vivemos acima ds nossas possibilidades. Não poupamos nem orçamentamos. Quando não temos, esperneamos, quando temos, esbanjamos. Não pensamos em futuro. No tempo das vacas magras. Usamos crédito sobre crédito, e enquanto não nos entalamos, visitamos marisqueiras e vamos de férias para o Algarve. Basta olhar o nosso parque automóvel para veres que os últimos modelos das várias marcas - topo de gama ou não - circulam nesta terra, como se fossemos um país próspero e nada nos afectásse. Onde está a pobreza, afinal, ...? Este é o povo que temos. Esta é a cultura que temos. Parece-me bem mais saudável começarmos a pensar em mudarmos de modelo de vida. E quando não conseguirmos, culparmos o padrão de vida a que nos habituámos. A culpa não é só do estorninho do Banco de Portugal. A culpa é de mais 9.999.999 estorninhos que ainda não perceberam que assim não vamos lá.
Ora bem .... mais me ajudas !
:-)
O teu último comentário está fora de ordem, porque enquanto eu comentava em tempo real, o teu foi para a moderação dos comentários.
Apenas, para terminar: Parece-me que o ideal é deixarmos de pensar que Portugal é do governo. Ele é nosso ! Por isso, co-responsabilizarmo-nos com os destinos do País.
Em segundo lugar, deveríamos trabalhar melhor (melhor gestão, melhor planeamento, melhor organização) para trabalhar menos, e termos maior qualidade de vida junto da família, dos amigos, ou mesmo sózinhos.
E, em terceiro lugar : agir sem medo, deixando a passividade de lado, com a finalidade de construir alternativas ao estado actual das coisas.
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