Sob o sufoco das suas mãos, amarrada à vida apenas por uma fé qualquer, bradou aos céus, sem voz que lhe restasse, e pediu socorro à vida. Quedou apenas o olhar, talvez pela última vez, no tecto daquele quarto que tantas vezes lhes tinha guardado os segredos, os prazeres, e os sonhos. Sentiu o seu olhar duro, empedernido e frio, orvalhado pela raiva de não a ter.
E num esforço maior que a própria vida, deitou-se por terra, agarrada ao chão onde ele nunca viria.
Era no chão que ele a queria, era então no chão que ela ficava, molhada de dor, seca de amor.
Gritou, chorou, gritou, sem querer levantar-se, guiada por um medo cego, naquela mágoa que lhe rebentava o peito.
Apercebeu-se, então, que embora já não amasse a vida, queria decididamente viver. Nem que para isso significasse sangrar as feridas para subir no ar numa bola de sabão, irisada de azul, leve, diáfana, etérea, serena. Procurava na paz, o refúgio das almas sábias.
Resgatou a solidão para renascer dessa luta desleal que cansa as costas, e que nos envelhece por dentro ao compasso de um tango, ao ritmo do tempo.
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Leonor de Saint Maurice
8 comentários:
A mulher é o último electrodoméstico que ainda funciona a pontapé…
Sendo que o homem é o primeiro electrodoméstico que não funciona...
Se eu não te conhecesse, Mano, ...:-)
Porque falar em violência?
APAV
A APAV não tem os meios necessários para poder ajudar 1% das mulheres violentadas. É o País que temos !!! A boa-vontade não chega.
Era dos textos da Leonor que estava à espera :)
Belíssimo, e sobre um problema que infelizmente e em pleno século 21 ainda é uma crua realidade.
Que homens são os nossos? Porque diabo são assim se, maioritariamente, até somos nós que os educamos?
Pandora,
Não queria espantar já a clientela :-)
É uma bela pergunta, sobretudo se pensarmos que é um problema crescente e à escala mundial. Tudo a haver com a prepotência e a cobardia masculina, que sempre existiu mas que curiosamente, se agravam, nestes tempos que correm. O eterno desejo de dominar a mulher que entretanto, adquiriu a sua independência económica, liberdade de expressão e assume a sua sexualidade, face a uma sociedade machista que não evoluiu ao mesmo ritmo.
Já dizia Martin Luther King:
O que mais me preocupa não é o grito dos violentosd, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem caracter, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.
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