quarta-feira, abril 23, 2008

corno, corneta ou cornaças



1º. O corno propriamente dito é um ciumento com honorabilidade, que ignora a sua desgraça e se julga possuidor único da sua mulher. De modo que o público faz tudo para muito louvavelmente o manter na ilusão, e ninguém está interessado em o ridicularizar: será que ele se pode zangar com uma ofensa de que não tem conhecimento? Todo o ridículo cai sim sobre aquele que, subornador, lisonjeia e genuflecte frente a outro com quem conscientemente partilha a amante.
.
2º. O corneta é um marido que está farto dos amores conjugais e que desejando gozar suas folganças em sítio afastado fecha portanto os olhos à conduta de sua mulher e abandona-a aos amásios, com a reserva de que não perfilhará filhos dela. Um marido destes não liga a gracejos; tem, pelo contrário, todo o direito de discutir os cornos dos outros com o à vontade de quem os não tem.
.
3º. O cornaças é um ciumento ridículo que trata mal a esposa e que está bem informado da infidelidade dela; furioso, pretende revoltar-se contra o decreto do destino, mas a falta de jeito com que resiste torna-o objecto de risada devido às suas precauções inúteis, às suas iras e escândalos. Em matéria de cornaças, o Georges Dandin de Moliére apresenta-se como modelo acabado.»


Para adequar ao povo, como é óbvio,

basta substituir a palavra "mulher" pela palavra "verdade"

(Autor desconhecido)

Sem comentários: