segunda-feira, setembro 24, 2007

mentalidades abertas criticadas por mentalidades retrógradas


A escrita feminina ressurge camuflada não mais pelas letras iniciais de seus nomes, mas em pseudônimos, importante recurso literário que foi utilizado por várias escritoras, como Charlotte Brontë, e Dionísia Faria da Rocha.O A inglesa Charlotte Brontë utilizou o pseudónimo masculino, Currer Bell, que abandonou com o sucesso do romance Jane Eyre (1848). O uso do cognome masculino servia para facilitar o rompimento de barreiras de conteúdo da escrita, visto que a opinião masculina era mais aceite socialmente.

AMANDINE LUCIE AURORE DUPIN: GEORGE SAND

Imagine o tamanho de seu espanto, ao se deparar hoje - em pleno século XXI - com uma bela baronesa divorciada, vestindo smoking, fumando seu charuto cubano e com um diversificado portfolio amoroso: um tórrido caso de amor com o compositor mais famoso do mundo e com o médico que o tratou das mazelas de saúde, um escritor jovem e talentoso bem mais novo, a actriz mais cortejada e admirada de sua época, uma prima donna cantora de ópera e um padre excomungado, entre outros. E que esta mulher fosse a mais conhecida, lida e admirada escritora de seu país, pelos seus dezoito livros, vinte peças teatrais e inflamada militância política.
Essa era Amandine Lucie Aurore Dupin, baronesa Dudevant, dita George, romancista francesa que nasceu em Paris, França, no dia 1 de julho de 1804, e faleceu em Nohant, França, no ano de 1876. Os seus livros foram muito populares no séc. XIX.
Ficou conhecida por suas ligações amorosas com Frédéric Chopin e com o poeta Alfred de Musset, e por desafiar as convenções sociais fumando charutos e usando roupas masculinas. Atribui-se a ela o mérito de ter sido a primeira mulher a viver de sua produção literária.
Casou-se com o barão Casimir Dudevant em 1822, com quem teria dois filhos, Maurice e Solange. O casal foi morar numa propriedade que Aurore herdara de sua avó em Nohant. Em 1831, insatisfeita com o casamento, deixou seu marido e foi viver em Paris.
Começou a escrever artigos para o jornal "Le Figaro", com a colaboração de seu amante Jules Sandeau. Usavam, então, o pseudónimo de Jules Sand – inspirado no nome de Sandeau. Em 1831, lançaram o livro "Rose et Blanche".
Passou a usar o pseudônimo de George Sand em 1832, quando escreveu, sózinha, o romance "Indiana", que fez grande sucesso. De 1832 a 1837, escreveu romances de amor, nomeadamente, além de "Indiana", "Valentina" (Valentine, 1832) e "Lélia" (1833). Esses romances refletem os seus próprios desejos e frustrações, advogam o direito da mulher de ter um amor sincero e dirigir a sua própria vida.

Escritoras escondidas por trás de pseudónimos masculinos (único modo de serem editadas, portanto, de serem lidas), como aconteceu com cada uma das irmãs Bronte, com George Sand, George Eliot, e até já nos nossos dias com Karen Blixen, que assinou as suas primeiros obras com o pseudónimo de Isak Dinesen. Maria Dolores ao iniciar-se no mestre de crítica literária adoptou o pseudónimo masculino de Leonel Sampaio.

"Feia, sarcástica e com pseudónimo de homem, a escritora George Eliot tinha tudo para dar errado — mas deu certo."
(Carlos Graieb)

"....A reflexão que, neste trabalho, será empreendida justifica-se por várias razões, das quais a mais relevante é, sem dúvida, a que consiste em saber até que ponto um texto de Fernando Pessoa, assinado por um pseudónimo feminino (Maria José), se pode encarar como espaço discursivo duplamente ligado, em primeira instância, à questão da alteridade estético-literária e, em segunda instância, à problemática do discurso feminino."

9 comentários:

Anónimo disse...

É isso. Escrevo tão mal e faço tanta "borrada" que vou optar pelo pseudónimo "Alqaeda" em vez de Alcaide. Mas vou avisando logo de início...que é para não levar alguém ao engano.

Anónimo disse...

Um texto muito interessante que dá que pensar.

fatyly

Fresquinha disse...

Alcaide,

Escreves muito bem. Mas tens um preconceito que não é próprio da era. Alqaeda fazia-te justiça, dado o fundamentalismo das tuas opiniões. E nunca é tarde para aprender. Não irás aprender comigo porque também eu estou a aprender. Mas desconfio que a minha abertura nunca faria da fresquinha, uma frescosa. E para a prendermos temos que estar abertos aos outros, e tolerarmos que alguns tenham apanhado um barco que nós não apanhamos. E se tal acontecer, há sempre um barquinho a pilhas que nos leva ao barco grande. O Titanic afundou por ter pensado que poderia desafiar Deus. Humildade, amigo, faz de ti a pessoa que eu espero que venhas a ser. Seria uma grande prova de inteligência pessoal. Beijo

Fresquinha disse...

Fatyly,

Pois é. Concordo em absoluto. Que importa um cognome nesta época ? Imagina a luta que tem sido para combatermos estas mentalidades fechadas ao progresso e desenvolvimento. Mas virá o dia, em que os homens inventarão pesudónimos para serem aceites pelas mulheres. Neste momento, há mais mulheres com formação académica que homens. Há mais mulheres no poder que antigamente. Há mais hoemns a pensar com mais inteligência e justiça. Não há tanto preconceito. Acredita que o dia virá, em que todas as religiões do mundo que tanto penalizam a mulher (algumas das quais tratando-a abiaxo de cão) reformularão as suas ideologias e finalmente, darão o lugar que todas as mulheres merecem. E, dado o poder a qualquer mulher, é de fugir... Já trabalhei sob as ordens de duas. Não é pêra doce.:-)

Anónimo disse...

Eh! lá fresquinha! Calma! Se uma mulher artista, escritora e com responsabilidades anda a ser minha amiga ,me aceite,goste da minha colaboração,mesmo que não seja conhecida pessoalmente e eu venha a descobrir por outra pessoa,que afinal ela é um homem,(isto ao fim de perto de dois de colaboração e já de amizade, com oferta de casa e família),usando para isso um pseudónimo, não sou fundamentalista , nem com falta de inteligência ou humildade,
se não fico contente.Ou se não aceito.
Calma fresquinha... E se bem te recordarás , aquilo que referi, foi que a "expliçáo"devia ser mais cedo... Não me magoa se seja homem ou mulher.Nem que o assunto fosse de um ano...ou mais...ou que escreva com pseudónimo ou não. Magoa sim a falta de sinceridade e de princípios, e que
apenas por interesse,pela aproximação pessoal que era previsivel, venha explicá-lo depois, quando tudo foi constatado.E não ter descoberto que poderia magoar alguém.Porque se o soubesse têlo-ia feito de certeza. A seu o seu dono. E com esta me vou.Não confundas a minha posição com humildade,fundamentalismo, ou preconceito.Prova de inteligência é a verticalidade, e seguir um rumo bem definido.E se o meu primeiro comentário, servia para desanuviar, e se não o aceitaste. paciência. Prometo não te aborrecer .

Fresquinha disse...

Macaquinhos no sotão. A escrita não tem sexo. Pena tive eu de não ter a criatividade de arranjar um conceito diferente do meu. A pessoa do blog que falamos é minha amiga. Independentemente do sexo. E eu respeito-a independentemente do sexo. Se essa pessoa me viesse agora dizer que era um ET de Marte, os meus sentmentos de amizade por ela não mudaríam um centímetro. Essa é a minha posição.
Agora, dou o assunto por encerrado mas defenderei os meus amigos até poder.
Parece-me que essencialmente o teu problema é que gostarias que a pessoa fosse mulher. E saiu-te o tiro pela culatra. Há que saber erguer, respirar e manter a cabeça erguida. Aprende a respeitar os outros que eu respeitar-te-ei.

Anónimo disse...

Fresquinha,
Concordo absolutamente que já é tempo de Mulheres e Homens sejam avaliados não pelo género mas pela qualificação e pelo mérito.
Também já trabalhei sob as ordens directas de mulheres, geralmente exigentes, e não me dei mal até ao momento em que se meteu a ... ploítica e os grupos de pressão políticos e outros!
Lembras-te concerteza que há uns tempos referi AQUI que os filósofos discriminam e "diminuem" (ou tentam) as mulheres há séculos, de tal modo que é um filósofo francês que num livro recente diz que já é tempo de na Filosofia ir buscar as mulheres ao "buffet" e trazê-las para o banquete!
Na filosofia e em tudo!
:-)

Anónimo disse...

Não gostaria que fosse mulher , homem ou ET. Indiferente, embora ao princípio conhecesse como mulher. Não dou tiros assim, nem me poderiam sair pela culatra. Aliás a pessoa já se explicou... e bem, sem necessidade de que alguem o fizesse.E não te faltei ao respeito. Fiquemos assim.Por favor

Fresquinha disse...

Directamente ou indirectamente não me faltaste ao respeito. Lê bem. "Respeita os outros", refere-se à pessoa de que temos vindo a falar. Acho que este assunto já se alargou para sítios não pretendidos. A pessoa nem tinha necessidade de se explicar, quanto a mim.
Eu quando vou a um restaurante, com ideia de comer um belo de um Chateaubriand, e não há na ementa, mudo de prato. É só mais este conselho, se mo permites.
E dou DEFINITAVEMENTE por encerrado este assunto.