segunda-feira, abril 07, 2008

manias de escritor


Sabemos que entre os escritores abundam comportamentos extravagantes e manias, na hora de escolher o caminho preferido para escrever as suas obras. Comentemos algumas das mais conhecidas. Por exemplo, muitos cuidavam do seu traje no momento da redacção. Entre eles, o conde de Buffon, que só podia escrever com vestuário formal, com punhos e golas de rendas e de espada à cinta; Alexandre Dumas (pai), quando escrevia, usava uma espécie de cassock encarnado, mangas amplas, e calçava sandálias; Pierre Loti, usava trajes orientais, num escritório de decoração turca e, o poeta inglês John Milton, que escreveu envolto numa velha capa de lã.

Outros foram incapazes de estar quietos: por exemplo, Chateaubriand, que passeava descalço no seu quarto enquanto ditava ao seu secretário; Victor Hugo, que reflectia nas suas frases ou nos seus versos em voz alta, passeando às voltas no seu quarto até conseguir terminar, passando, em seguida, a escrevê-los rápidamente para o papel, e Jean-Jacques Rousseau, que preferiu trabalhar em campos abertos e, se possível, ao sol e, se o ruído do ambiente o incomodásse, tapava os ouvidos com tapões almofadados.

Outros estavam preocupados com o local, como por exemplo, Montaigne, que escreveu trancado numa torre abandonada. Manias tinha verdadeiramente o poeta alemão Schiller, que só podia escrever se tivesse colocado os pés numa bacia com água fria; Lord Byron, que obtinha a sua inspiração através do aroma de trufas, e que procurou sempre trazer algumas nos bolsos. Ou Gustave Flaubert, que era incapaz de escrever uma única linha sem primeiro ter fumado um cachimbo. O mencionado Victor Hugo, por outro lado, não muito confiante na sua própria vontade, tinha o hábito de entregar as suas roupas ao seu criado, dando-lhe ordem para não as devolver até ao final do prazo pré-estipulado, mesmo que ele as pedisse encarecidamente. Desta forma, ele era obrigado a escrever sem qualquer possibilidade de escapar.

Honoré de Balzac deitava-se às seis da tarde, sendo despertado por uma criada apenas à meia-noite; ao acordar, vestia imediatamente roupas de monge (uma túnica branca de caxemira) e punha-se a escrever de doze a dezoito horas a fio, com a sua cafeteira ao lado e bebia taça após taça de café, porque, em seu entender, não só mantinha-o desperto e lúcido, como também inspirado. A este ritmo diário; Balzac concluiu com sucesso mais de uma centena de romances e histórias curtas.

O livro de factos incomuns. Gregory Doval. Alianza Editorial. Referência Biblioteca 8124.

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