a dôr de tornozelo - Primeiro Capítulo

A Dama da Couxe Rôxa tinha quatro belos tornozelos: dois nos membros superiores e dois nos inferiores. Não era de todo parecida com as outras mulheres. O homem dos caracóis tinha-se rendido completamente, e era até vulgar ele babar-se de tal forma quando se encontravam em posições não-missionárias, que a Companhia das Águas locais, criou uma avença para reciclar-lhe aquela saliva que, dada aos limos das cisternas, purificava a água em dois tempos.

Por essa razão, a Dama da Couve Rôxa tinha sempre o garrafão do lado dela para recolher as amostras, e vivia à conta dessa renda. Sem ocupação, e com gastos de bradar aos céus, a Dama nunca conseguiria juntar os meios aos fins. Ultimamente, diz-se nesta aldeia remota, que a dita Senhora recolhia amostras de urina para análise e vendi-as como baba, sem que ninguém desse por isso.

Um belo dia, batem-lhe à porta. Ela levanta-se a custo, monta o triciclo, esfrega os dentes com os dedos, calça a sandalinha e vai ver.

Era raro ter visitas. "Que estranho !" pensava ela com os seus botões. "Ainda não é a altura do cheque"...

De repente, entra-lhe a Eau de Cologne Bien-Être pelas pobres narinas, e reconhece-o pelo cheiro. Era o George Cluney. Vinha todo perfumado, de boxers amarelas e camisa interior de rede. Vinha lindo. A Dama não resiste, atira-se aos braços do George, dá-lhe um linguado ainda fresco, acompanhado da baba do garrafão, e viola-o, ali no tapete da entrada. O George arfava, arfava e não conseguia conter os seus impulsos. Ficava perdido com os tornozelos dela. Era muito forte este encontro de há quase 60 anos. Reencontrara a mulher que lhe tinha dado prazer desde a primeira hora, no Estádio da Luz. Era golo. Auto-golo.

Só que ... (continua no próximo capítulo)