do Viagra

"João de Deus, 77 anos, aposentado, morador do distrito de Naraniú, em Várzea Alegre, namora jovem de 18. Falou-me, certa vez, que só trabalha no pesado até quarta ou quinta-feira, período em que, com os 'bicos', completa os R$ 35,00 do abençoado Viagra, que lhe proporciona tanto prazer. O dinheiro da aposentadoria, este é utilizado pra custear as despesas domésticas e os remédios do reumatismo e da pressão alta. Daí pediu-me pra conseguir alguma amostra grátis desse tão maravilhoso objeto do prazer. Semana passada, parei na venda de João Grandão, 84, no referido distrito, e ao descer do carro acenei pra João de Deus, do outro lado da rodovia que cruza o lugarejo. Em disparada, de Deus dirigiu-se a mim feito criança atrás de pirulito.

- E aí, doutor, arranjou o remédio?

- Sim, João, aqui está o produto!

Ao segurar a caixa, seus olhos reluziam de tanta felicidade.

Porém, de repente, aparece o amigo João Grandão, perguntando sobre "aquela mercadoria tão valiosa". Ao saber do que se tratava, segurou na outra borda da caixa, tentando tomar pra si o comprimido milagroso.

- Me dá, me dá! - dizia João Grandão.

- É minha, é minha! - retrucava João de Deus, apreensivo.

- Eu quero, eu quero! - replicava o dono da venda.

- Você é rico, você é rico! - redargüia João de Deus.

Finalmente, já sem forças, João Grandão dá-se por vencido, larga mão do revolucionário medicamento azul.

Antevendo o porvir, desembucha:

- Pois bem! Esta eu amoleci, mas da próxima eu endureço!"

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Autor: Zé Sávio Pinheiro