domingo, março 30, 2008

anatomia dos sonhos


Os sonhos têm a sua própria geografia. Um mapa de locais onde, por vezes, já se viajou na figuração nocturna. Portas, ruas, corredores. Penetras nele e sabes que ali existe uma janela ou um jardim, que intuis que te conduza a uma rua ou uma escada, porque já lá estiveste noutro sonho. De uma subconsciencia a outra estende-se um espaço comum, uma paisagem modelo. Duas noites diferentes, por vezes mesmo separadas por vários anos, estão unidas. Como se tivesses tirado duas vezes o mesmo livro da biblioteca de sonhos. Esse mistério!

Uma das características dessa topografia onírica do sonho é a relatividade nas distâncias. Quiçá isso também explique a indiferença no tempo, essa susceptibilidade do mais profundo da nossa mente. No sonho há lugares que ora estão longe ora estão perto. As medidas alternam-se, como se elas não fossem representativas. Porque o decisivo não são as dimensões, mas o sistema de significados.

Carlos Garrido. Duermes y me olvidas. Editorial Crítica, 2005.

3 comentários:

xico.lf disse...

Fresquinha,
Só rapidamente, en passant, passei pelos items do link de Carlos Garrido!
Parece um personagem rico, interessante!
Merece )1?) uma 2ª segunda visita mais demorada, apesar de ter procurado poesia e não ter visto!!
:))

xico.lf disse...

Livros, textos aceito, sem diálogo não são o meu forte!

Fresquinha disse...

O homem não é poeta !!!

Livros sem diálogo ????