terça-feira, março 25, 2008

nocturno fundo


Ao meio do canal submarino
a luz cegante é um anjo.

A suspensão do voo ampara…

Que fluido pelos círculos luminosos, parados, correrá?
O sorriso escancarado da esfinge mergulhadora
vai mostrando, distante, a galeria óssea
que deita
para as ameias dum castelo
com um deserto sem fim na retaguarda.
Sentinelas de sangue esperam sempre a
sombra e a morte cobertas de ervas secas.

Na atracção do fundo,
aos pés da escadaria do escuro,
jaz a princesa, de verde, adormecida…


� Edmundo de Bettencourt (1889-1973)

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