A ginkgo biloba, é a mais enigmática das árvores que existe, o único ser vivo que resistiu ao explodir de uma bomba atómica. Tudo nesta árvore sobrevivente (e que poderia viver milénios) é desconcertante.
Para os botânicos é um fóssil vivo cuja linhagem tem um passado de 250 milhões de anos.
Para geneticistas é uma extravagância, uma planta com dois sexos dando flores e, em seguida, colocam um ovo ...
Para os urbanistas é um milagre porque resiste à mais venenosa das atmosferas, sendo frequente em Manhattan (por exemplo, na Seagram).
Para os farmacêuticos é uma mina: centenas de produtos, muitos deles anti-envelhecimento, são produzidos a partir de folhas de ginkgo em França, e existem plantações industriais de pequenas ginkgo para uso médico.
Estas velhas árvores são as últimas obras que ficam, bem apòs os cidadãos serem enterrados em cimento e torturados pelo ruído.
Outras árvores igualmente gloriosas, mas mais humildes e normais, não são tão felizes. Penso agora no carvalhos centenários de Tibidabo, que vão cair sob o machado de um município que se diz de esquerda e verde. Neste cemitério querem instalar uma montanha-russa estúpida que vai encher os bolsos de alguém. Verdes? Sim, como as notas de cem euros.
Fonte: El Periódico de 17 de Maio, de Félix de Azúa.