são serradura de mim, esfregão de aço, lágrimas empalhadas, résteas de côdea. Vivem dos seus devaneios materiais, das suas insígnias, das dores do alheio, da glória da serpente....
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Os livros que escrevo são páginas de fel, à espera da abelha. Não pagam alugueres, nem frascos de perfume.
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Os livros que escrevo são papéis de carnavais, pó de lixo, carne seca, amores perfeitos em campos de joio.
.Os livros que escrevo morrem comigo, não se espalham ao vento da nortada, nem nas cristas das ondas.
.Os livros que escrevo limpam janelas, assentam telefones, esvaziam caixas de chocolates, enfeitam-se dos meus dedos.
.Os livros que escrevo forram paredes de prisões, guardam humidades e lembram as angústias de um mundo injusto.
.Os livros que escrevo são as minhas medalhas, as minhas angústias, as minhas incertezas.
.Os livros que escrevo apenas servem para dizer que sou a 7525734 e que nasci em Moçambique, num ventre bem-aventurado.
.São as minhas lâmpadas que fundem mas guiam quando podem, os trilhos já pisados de uma alma em desencanto.
.Esses são os livros que escrevo.
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Leonor de Saint Maurice
Mensagens
5 comentários:
:) acho que já conhecia este, mas é sempre um prazer relê-lo. muito belo!
bjs e boa semana minha querida :)
Sim, efectivamente já tive o privilégio de ler anteriormente este teu texto, cujo transparece em memórias, nem sempre desejáveis de lembrar, mas irremediavelmente presentes. Cumpram as mesmas o papel que cabe às memórias e soltem do teu ser as asas que enlouquecem por não poder bater livremente, dando o desencanto lugar ao canto que o teu trinado nos faz adivinhar.
Muito gentil visitar-me. Apreciei muito seu blog e compartilho de sua filosofia sobre "aprender mais em viagens que em livros".
Volte sempre ao "Brasil"!
Booooooooooom diiiiiiiiiiiiia!
Sou do Brasil e te vi na Blogotinha e vim te conhecer.
Muito prazer.
Adorei seu espaço. Como é bom ler gente que sabe o que escrever!
Um abraço do outro lado do oceano!
Hoje, estou babada. Dois novos visitantes no meu blog e os habituais amigos com quem me atrevo a desnudar a alma. Sejam bem-vindos, Tel Moreira e Alexandre. Saravá ! Ainda não fui ao Brasil. Com medo. Medo de não querer voltar. :-)
P-andorinha,
Depois de ver o texto publicado em blogs "de_vagares" e "heresias consentidas", resolvi também re-publicá-lo num espaço meu, onde vou deixando as minhas porcarias.
Obrigada aos dois pelo apreço e aceitação do meu lado mais real. Gostava de escrever odes e hinos, mas a vida está difícil ...:-) Beijos a todos. (Não sei se já leram os "Ecos" mais abaixo)
Bartolomeu, amigo meu,
Já há algum tempo que não oiço de tua justiça. Claro, que és suspeito na tua abordagem. Mas, continua suspeito. Claro, que este texto é tão antigo como a nossa portugalidade. Mas em vez de os deitar no Ecoponto, faço do blog a minha gaveta de vida. O desencanto vem e vai como as ondas do mar. Dizer-te que ando encantada com o mundo, seria mentir-te. Encanto-me com pequenos grandes momentos, seja em Belém, seja em Veneza. Aguardo ansiosamente e preocupadamente as tuas notícias sobre o que te pedi. Beijos em chuva.
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