quarta-feira, novembro 29, 2006

ralações ou o conto do vigário





Imaginem a situação !

Um amigo em grandes dificuldades financeiras. Desempregado, uma pensão altíssima a pagar, uma ex-mulher que precisa de tudo e de nada, problemas de saúde, etc. Pede-nos ajuda. Nós até podemos emprestar-lhe uma grande soma de dinheiro porque somos amigos e confiamos. E amíudamente, a devolução do tal dinheiro vai sendo feita posteriormente, atravès de transferências bancárias.

A coisa evolui: da amizade, nasce uma paixoneta. Da paixoneta, segue para Bingo e às tantas estamos a deixar a casa onde vivíamos, mudar da pequena cidade para a parvónia, de quando em quando. E a coisa continua a evoluir ... de repente, estamos dividir os cabides lá de casa, a fazer despejos vários para nos arrumarmos num espaço a dois. A coisa corre bem ... É inevitável. Até que, se descobre que o amigo, divorciado legalmente há alguns meses, continua a casar-se da "mãe dos filhos", às escondidas. Relembrar velhos tempos, dizem.

Uma doença venérea era uma primeira consequência; a segunda, eram preservativos que diminuiam numa gaveta, quando o sexo em casa era invariávelmente sem capota.

Um belo dia, toca o telefone. Uma amiga que pede para que se anote um número de telefone. Ela pede ao amigo, gesticulando, o papel e a caneta. Ele mete a mão num molho de papéis em pilha ainda por arrumar. E puxando pela ponta de um papel, sai um cartão de embarque para as Canárias, recente, justamente naquela semana em que ela tinha estado fora, na sua ex-casa da cidade. Um arrufo. A seguir, e bem juntinhos, os cartões de embarque dos dois filhos, para as mesmas Canárias, nessa mesma semana. Tudo em fila indiana.

Tudo começa a fazer sentido. A fotografia agarrada ao frigorífico por um íman, de um resort em Tenerife e que, s-u-p-o-s-t-a-m-e-n-t-e, tinha sido tirada já há alguns anos. Fazemos contas de cabeça. Ora, se a filha tem 4 anos agora, já há alguns anos seria pelo menos bébé ou feto. E ali, curiosamente, a filha tem, pelas nossas contas, os mesmo 4. Nada batia com nada.

Discussão da grossa, fazem-se malas, libertam-se cabides e espaço de casa de banho, e sai-se furiosamente pela porta da rua.

Como se isso não bastásse, num dia de chuva grossa, chega uma carta registada remetida por um advogado que desconhecemos. O advogado do Don Juan. Abre-se a carta de testa franzida, e a cara cai. Espanto !

Reclamação de dívida. Todas as devoluções que o dito senhor tinha feito para a nossa conta, eram de repente dívidas nossas ou empréstimos dele. E reclamava, assim, o dinheiro que já tinha devolvido, como se tratasse de uma dívida nossa. Que fazer ? Falta-me imaginação !

Tinha-se voltado o bico ao prego !

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