Juan Benet, em Volverás a Región :
Creio que a vida do homem está marcada por três idades:
1. A primeira é a idade do impulso, na qual tudo o que nos move e nos interessa não precisa de justificação, como o de sentir-mos atraídos por tudo aquilo‚ — uma mulher, uma profissão, um lugar onde viver‚— graças a uma intuição impulsiva que nunca compara; tudo é tão óbvio que vale por si mesmo e o único que conta é a capacidade para alcançá-lo.
Creio que a vida do homem está marcada por três idades:
1. A primeira é a idade do impulso, na qual tudo o que nos move e nos interessa não precisa de justificação, como o de sentir-mos atraídos por tudo aquilo‚ — uma mulher, uma profissão, um lugar onde viver‚— graças a uma intuição impulsiva que nunca compara; tudo é tão óbvio que vale por si mesmo e o único que conta é a capacidade para alcançá-lo.
2. Na segunda idade, aquilo que elegemos na primeira, normalmente esgotou-se, não vale por si mesmo e precisa de uma justificação que o homem razoável concede de bom grado, com ajuda do seu coração, claro está; é a maturidade, é o momento em que, para sair airoso das comparações e das contraditórias possibilidades que lhe oferece tudo o que contempla, o homem leva a cabo esse esforço intelectual, graças a qual uma trajectória elegida pelo instinto, que é justificada a posteriori pela reflexão.
3.Na terceira idade não só gastaram-se e foram invalidados os motivos que tinha escolhido na primeira, como também as razões com que pautaram a sua conduta na segunda. É a alienação, o repúdio de tudo o que foi a sua vida para a qual já não encontra motivação nem desculpa. Para poder viver tranquilo têm que negar-se a entrar nessa terceira etapa; por muito forçado que pareça, deve fazer um esforço com a sua vontade para permanecer na segunda; porque outra coisa é a deriva.
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