Guardei na caixa da memória os teus poemas de guardanapo, as tuas histórias de partitura, os teus desenhos de espelho.
Respirei o mesmo ar, dancei no mesmo bar.
Ri das mesmas asneiras, contei-te mentiras velhas.
Cavalguei os teus cavalos e caí das mesmas nuvens.
Lambi as tuas feridas e chorei da mesma maneira.
Cozi-te as cicatrizes, até que nada restásse, dos retalhos que sobram da mutilação dos outros.
Adormeci na mesma cama, cansada de tanto dar, para de manhã acordar, amarrada ao mesmo sonho.
Acompanhei-te na viagem, partimos no mesmo barco, suámos ambos em arco.
E morri sempre que pude à menor morte dos dois.
porque se morre quando se ama
porque se ganha quando se perde
porque a vida é mesmo assim.
Leonor de Saint Maurice
(2005)
2 comentários:
Como eu entendo este teu texto... antes não existisse esta irmandade no sentir :/
Vem aí o novo ano, tempo de enterrar tudo o que é velho e despertar para um sol que, sendo de inverno, se quer primaveril.
Beijo.
Pandora,
Estava só em arrumações para entrar num novo ano arrumadinho, quando descobri este - e outros - e publiquei. Muitos destes textos e poemas são antigos. Quando sou feliz, tenho imensa dificuldade em escrever. Portanto, o ano de 2007 vai ter menos escrita e muita acção ! Desejo-te o mesmo, daqui por diante.Beijo :-)
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