sábado, dezembro 16, 2006

calendário do advento


Perguntar-me-ão porque o calendário do advento que eu acabei de publicar termina a 7 de Dezembro. Coisas do diabo ... Leslie Harphold faleceu entretanto ... Conhecia-lhe apenas o blog, e naturalmente não privei com ela.
Hesitei entre publicar e não publicar porque ninguém que aqui venha a conhece. Mas ... pensei melhor, e, ainda em choque, pergunto se já realizaram quanto frágil pode ser uma vida. Um dia qualquer, e a qualquer hora, deixamos de existir num um clic de dedos. A compôr um calendário ou a escrever uma carta de amor, a lavar a cabeça ou a olhar a lua. A luz apaga-se simplesmente. Costumo dizer que a vida é longa e o tempo é curto. Se ao menos vivessemos os dias como se fossem os últimos, se ao menos pudessemos reservar os dias para fazermos o que sonhámos um dia, valeria a pena adiar. É uma vida de incertezas aquela em que vivemos. Se hoje me apetecer dizer a quem amo, o quanto o amo, talvez amanhã não esteja aqui para o fazer. Portanto, meus amigos, não organizem a vida, adiando o que vos apetece hoje. Façam. Amanhã pode ser tarde. Voltarei mais tarde para vos falar das coisas que ficam sempre por dizer.
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- Le Voyage
by Charles Baudelaire, from 'Les Fleurs du mal'.

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Pour l'enfant, amoureux de cartes et d'estampes,
L'univers est égal à son vaste appétit.
Ah ! Que le monde est grand à la clarté des lampes !
Aux yeux du souvenir que le monde est petit !
Un matin nous partons, le cerveau plein de flamme,
Le cœur gros de rancune et de désirs amers,
Et nous allons, suivant le rythme de la lame,
Berçant notre infini sur le fini des mers :
Les uns, joyeux de fuir une patrie infâme ;
D'autres, l'horreur de leurs berceaux, et quelques-uns,
Astrologues noyés dans les yeux d'une femme,
La Circé tyrannique aux dangereux parfums.
Pour n'être pas changés en bêtes, ils s'enivrent
D'espace et de lumière et de cieux embrasés ;
La glace qui les mord, les soleils qui les cuivrent,
Effacent lentement la marque des baisers.
Mais les vrais voyageurs sont ceux-là seuls qui partent
Pour partir ; cœurs légers, semblables aux ballons,
De leur fatalité jamais ils ne s'écartent,
Et, sans savoir pourquoi, disent toujours : Allons !
Ceux-là dont les désirs ont la forme des nues,
Et qui rêvent, ainsi qu'un conscrit le canon,
De vastes voluptés, changeantes, inconnues,
Et dont l'esprit humain n'a jamais su le nom !

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