segunda-feira, outubro 30, 2006

caça aos infiéis


Homens 'infiéis' têm lista negra na internet
de Maria José Margarido

"Raparigas, afastem-se deste idiota alcoólico. Casei com este falhado mentiroso e infiel em 1998, deixou-me no ano seguinte quando estava grávida de cinco meses. Descobri que me traía com a ex-namorada." O perfil assim traçado e disponível para quem o quiser ver na internet, acompanhado de fotografia e dados sobre a profissão, idade e residência, pertence a um norte-americano de 32 anos. A autora das linhas é anónima, tal como as 18 mil autoras de outros tantos perfis de ex-namorados que compõem o site http://www.dontdatehimgirl.com/ (qualquer coisa como não saias com ele, rapariga).

O portal foi criado nos Estados Unidos e levanta sérias dúvidas sobre os limites jurídicos da internet e o direito à intimidade. Existe há 10 meses e nasceu de uma conversa entre a fundadora, Tasha Joseph, de 33 anos, e as amigas. Tema: ex-namorados mentirosos e de questionável moral. A advogada que representa o site alega que é "uma oportunidade para as mulheres divulgarem más experiências e evitar que outras passem pela mesmo sofrimento".

Mas é muito mais do que isso, e pode vir aí uma enxurrada de acções legais por difamação.www.dontdatehimgirl tem, actualmente, mais de 18 mil anúncios acerca de "alegados traidores", muitos com fotografias, e 720 mil membros permanentes, que podem participar em fóruns e salas de conversação em tempo real. Todos os dias regista entre 600 mil a um milhão de visitantes. Os responsáveis pela página - o escritório fica em Miami e emprega cinco pessoas, todas do sexo masculino - não verificam a veracidade dos testemunhos publicados e, apesar de os acusados poderem contestar o que sobre eles é dito, a visibilidade desta defesa é muito inferior ao espaço dado às acusações.

No dia 15 de Novembro vai ser lançada uma versão do portal em espanhol.Um dos visados, o norte-americano Paul D., assegura que o site provocou o seu despedimento. Tod Hollis, um advogado de 37 anos de Pittsburgh, processou Tasha Joseph por difamação: seis mulheres já escreveram sobre ele acusando-o, entre outras coisas, de as contagiar com doenças sexualmente transmissíveis. "Pensar que alguém pode possuir uma plataforma global através da qual veicula informação falsa e difamatória, a coberto do anonimato, é algo que me provoca asco", declarou o advogado numa entrevista à cadeia de televisão norte-americana NBC.

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