segunda-feira, novembro 20, 2006

in vino veritas 12


BREVE HISTÓRIA DA VINHA E DO VINHO

Não é possível definir com exactidão a origem da videira vitis vinifera havendo, no entanto, indícios de que o seu aparecimento seja anterior ao do próprio homem.

Quanto a sua origem subsistem diversas lendas, mais ou menos credíveis, como a que nos diz ter sido Noé o primeiro homem a plantar uma vinha, colher e esmagar as uvas e, com o sumo obtido, se ter embriagado.

No entanto, através de determinadas obras de arte encontradas no Médio-Oriente onde estão representadas cenas ligadas ao vinho, deduzimos que este já tinha papel importante na vida dos povos no ano de 5000 AC.

A vinha e o vinho foram conhecidos muito cedo no Egipto, existindo testemunhos historicos que representam uma cena de vindima e de pisa de uvas, por volta de 1370/1352 antes da nossa era. Vestígios encontrados no túmulo do Faraó Egípcio Akenaton, que reinou no Egipto por essa altura, confirmam esses factos.

Contudo, e no decorrer das civilizações Grega e Romana que a cultura da vinha se expandiu. Basta lembrar que os Gregos lhe consagraram um Deus: Dionisius que, na mitologia Romana, passou a designar-se por Bacus. Também Homero, na Iliada e na Odisseia, se refere aos vinhos romanos.

A vinha terá chegado ao território, que mais tarde viria a ser Portugal, provavelmente com os Tartécios, por volta de 2000 AC, tendo sido os romanos a expandir a cultura da vinha mais ou menos por toda a bacia mediterranica.

Será de salientar o papel importante da Igreja Católica na difusão da vinha e generalização do uso do vinho, ja que a Igreja Católica não só consagrou o pão, como também o vinho, passando este a fazer parte do ritual sagrado da missa e, com a necessidade de obterem o chamado vinho de missa, os monges tornaram-se os grandes impulsionadores e mestres da cultura da vinha e do fabrico do vinho.

Durante o dominio dos Mouros na Peninsula Ibérica, a cultura da vinha e fabrico do vinho foram muito prejudicados, visto que o Islão proíbe o consumo de alcool.

Já no início da Nacionalidade a produção e comércio de vinho mereciam, por parte dos nossos monarcas, especial atenção tendo, de tempos a tempos, sido concedidos Forais e Cartas Régias a esse propósito. Por sua vez, os Reis D.Dinis e D.Fernando protegeram o comércio do vinho aos Judeus.

Foi no tempo do Marquês de Pombal que, a vinha conquistou definitivamente o seu grande estatuto entre nós. E sob as suas ordens que é demarcada a região do Douro em 1756, tendo para tal sido criada a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, o que corresponde, na prática, a demarcação da primeira região vinícola do mundo. De referir ainda o incremento por ele dado as regiões de Bucelas e Colares.

Em 1864 surge em França a terrível doença mortal, Filoxera, que dizimou practicamente toda a vinha da Europa. Para combater tal doença, recorreu-se a importação de videiras americanas, cujas raízes não eram atacadas por esta doença. Porém, ao solucionar este problema, criou-se um outro, dado que se atribui as videiras americanas a propagação do Míldio, doença que se tem mantido até aos nossos dias e que origina custos elevados nos cuidados e protecção da vinha.


É impossível falar do vinho e do seu valor alimentar sem lembrar a figura de Pasteur e os estudos por ele efectuados sobre o vinho e as suas descobertas.


Pasteur disse uma celebre frase: "O vinho é a mais sã e higiénica das bebidas". A mais sã, pois num vinho normal não existem micróbios que nos causem doenças, o que nao acontece, por exemplo, com a água. Uma bebida higiénica pois, tomada nas devidas proporções, contribui para a nossa saúde. E concorre ainda para a nossa alimentação, visto que contem substâncias minerais diversas.

Todavia, como e sabido por demais, deve ser tomado com conta, peso e medida!

António

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