domingo, outubro 08, 2006

bernard pivot

«Je connais peu d'humiliations qui résistent à un nom sur une liste de best-sellers»
O jornalista Bernard Pivot tornou-se uma celebridade falando de livros na televisão. Nas noites de sexta-feira, 1 milhão de telespectadores saciava o apetite literário com o Bouillon de Culture, o programa de Pivot no canal France 2, no ar desde 1991. Em 28 anos de carreira, entrevistou figuras de envergadura da literatura, como Vladimir Nabokov, Charles Bukowski (que bebeu até quase cair, um vexame), Marguerite Duras, Alexander Soljenitsin, Marguerite Yourcenar, Lévi-Strauss bem como brasileiros, Jorge Amado, Jô Soares, Paulo Coelho, Dom Hélder Câmara, Chico Buarque (que até cantou) e o fotógrafo Sebastião Salgado.
O balanço de sua carreira é impressionante: mais de 6.000 escritores conversaram com ele na televisão.

Pivot começou na TV em preto-e-branco, em 1973. Tinha 38 anos. Directo ao vivo, sem ensaio nenhum, embora só tivesse trabalhado até então para a imprensa escrita. Tentou ensaiar em casa em frente ao espelho, mas se sentiu tão ridículo que decidiu relaxar e ser ele mesmo. Esqueceu que estava na TV, e deu tudo certo, ou quase: a diretora do programa achou ‘insuportável’ o seu casaco às riscas. Pivot experimentou vários canais e títulos, como ‘Apostrophes’, até chegar ao temperado Bouillon de Culture da France 2.
A sua fórmula sempre foi ‘democratizar ou popularizar a literatura’ em conversas que, segundo ele, parecem mais ‘encontros para jantar num restaurante’ do que ‘uma recepção na Academia’. É por isso que os seus entrevistados vão ‘Chez Pivot’ (à sua casa), e não a um programa qualquer. A sua técnica consiste em ter vários convidados onde age como mediador de uma mesa-redonda.
Com o seu jeito nada arrogante, Pivot foi cozinhando, com humor e a fogo lento (uma hora e meia de programa), a festança que provocou uma indigestão nos executivos da France 2.

Frases de Pivot sobre escritores, livros e celebridades

"‘Lembro-me de uma pergunta que fiz a Marguerite Duras: 'Por que você era alcoólatra?'. Pergunta atrevida, mas podia fazer porque havia lido todos os seus livros e, por isso, tinha com ela uma familiaridade imensa, como se a conhecesse há muito tempo. Ela respondeu-me de forma pouco feminista: 'Bebia muito porque conheci homens que me fizeram beber'.’

‘Pode-se ser muito feliz e muito sábio sem ler jamais. Mas, lendo, vive-se mais. Vivem-se outras vidas e com mais profundidade.’

‘Parto do princípio de que tenho menos a dizer do que meus entrevistados. Em alguns programas literários, o entrevistador fala mais do que os autores...’

‘Sempre haverá livros. Guardei artigos de escritores do século XIX alarmados porque a invenção da bicicleta acabaria com o hábito da leitura.’

‘Algumas respostas ficam na memória. Como quando Georges Simenon falou sobre a sinceridade: 'Prefiro ser odiado pelo que sou, a ser admirado pelo que não sou'.’

‘Não gostaria de entrevistar jogadores de futebol. Gosto mesmo é do jogo em si. Os atletas dão entrevistas muito ruins. Gabriel García Márquez, se jogasse futebol, também não esgotaria a lotação de nenhum estádio.’

‘Não escrevo romances porque meu vício, meu prazer, minha paixão é a leitura. Prefiro ser bom jornalista a autor de livros ruins.’

‘Jamais me tornei amigo de algum desses escritores que entrevistei. A intimidade termina ali, na tela da TV. Faz parte do meu temperamento não misturar vida profissional e pessoal. (Marguerite) Duras tentou falar comigo várias vezes depois do programa, ligava-me às 2 horas da manhã. Fiquei com um medo enorme.’"


2 comentários:

Inha disse...

Eu sou bastante parecida... serei família?

Fresquinha disse...

E não viste o meu presente ...que te dei a ti e ao mano ..alfarrabistas .... ou alfarra vistas ????

Somos parecidas, Mana ! Também tenho pivots. :-)