sábado, outubro 07, 2006

os amantes sem dinheiro


Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.


Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

Eugénio de Andrade

12 comentários:

Mano 69 disse...

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

(CORAÇÃO DO DIA)

Fresquinha disse...

Podes não acreditar mas hesitei entre o poema publicado e este. Afinal, há quase coincidências.

Mano 69 disse...

Telepatia? (Lara Li)

Fresquinha disse...

Leste ? É telepatia.

Fresquinha disse...

As palavras são como o cristal, dizia o Eugénio. :-))))

Mano 69 disse...

Cuidado com o cristal que tal como as palavras reflectem a luz.

Fresquinha disse...

Cuidado ? Provera todas as plavras reflectissem alguma luz.

Mano 69 disse...

"Tu és a luz dos meus olhos" serve?

Fresquinha disse...

Serve, pois.

Beauty is the eye of the beholder.
After all.

Fresquinha disse...

Beauty is in the eyes of the beholder, ...aliàs...

Mano 69 disse...

;) Mais vale tarde do que nunca

Fresquinha disse...

:-)