globo de natal

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Se há coisa que me fascina, são os globos de neve. Podia estar horas a observar os flocos de neve aprisionados numa paisagem de inverno, a cairem lentamente por entre paredes de vidro. Globos e algumas bolas de Natal que guardo religiosamente todos os anos, e que me surpreendem todos os anos. Adivinho-lhes outros encantos, que não havia visto nos anos anteriores. E os anjos ? Haverá candura maior que a dos anjos ?

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Curioso, como o Natal assume diferentes significados de ano para ano. Não me refiro à busca desenfreada dos presentes porque esses vão escasseando com a partida de alguns entes queridos. Essencialmente, o Natal é uma oportunidade de recordar memórias de outros Natais longínquos, a mãe à lareira ... ou na azáfama na cozinha. Calhava-me sempre a massa dos sonhos que se colava teimosamente aos dedos, as rabanadas que faço com algum jeito, embora não goste particularmente de os comer, o Bolo Rei que hoje é mais Rainha, os frutos secos que raramente como durante o ano, os alperces secos, as ameixas ... o dia seguinte. Os restos. A mesa ainda posta e o picar dos doces pelo dia 25 fora.

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Hoje, o Natal entristece-me. Por várias razões ... deixei de ter a presença importantíssima da minha mãe, os meus irmãos arranjaram guerras que nem o Natal os demove, deixei de ter os filhos que há já 16 anos vivem longe de Portugal, deixei de ter presentes (pois, também gosto), deixei de ouvir música de Natal, deixei de ir à Missa do Galo. Assim, o Natal resume-se a um tempo de boa-vontade, de nostalgias várias mas não deixa de conservar alguma magia.

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Penso que daqui a 20, 30 anos o Natal será uma data do calendário, em que finalmente farei dele uma Festa de Amor porque será a última coisa que se perde. E afogarei as minhas nostalgias, as faltas de quem me é querido num fundo de vinho quente, agarrada às lembranças boas. E, se houver ainda ameixas e alperces no fundo de alguma tigela, não deixarei de sorrir ao menor pensamento do que foi um dia Um Natal Feliz !