domingo, novembro 18, 2007

do tupperware onanista


Claro que a dada altura lá tive que preocupar-me com os comentadores que invejavam a minha salutar ocupação. E aos descrentes púdicos, apresentei-lhes uma solução.
Salvaguardei os recipientes, ainda incrédulos por se verem cerceados da liberdade habituada, preservativando-os.
Aos costumeiros prazeres que despertam em emoções acrescentei, à colecção de etiquetas que decoram o passado, a letra S.
E assim libertado da angústia aprisionada tenho uma estante de prazeres reacondicionada, a salvo de qualquer obscura tentativa de auscultação de memórias sós.


Leite Creme
(receita 2156e - série "víCio a sÓs" re-publionanizada no MaisTurvaSão - Inconfidências à Mão aka O Tupperware Onanista)
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E dos recipientes com a letra L, o primeiro ente a recordar, o primeiro testemunho sugerido, guardado num polímero amarelado e bem moldado, inalcançável do alto da sua Letra: a saudade da primeira queimadela num beijo que se quis recusar...
E no rótulo já amarelecido escrevi a saudade: do Leite Queimado, sabor Creme.
Confesso-vos que, no entanto, aos prazeres da prática que me satisfaz, acrescentaria o pequeno esgar de dor-prazer que a visão do ferro ainda incandescente, afagando ao de leve o creme, assim despojado numa entrega que culminava num suspiro, me transporta...
Ao açucar a metamorfosear-se para sempre.
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Arroz doce
(receita 2246m - série "víCio a sÓs" re-publiOnanizada no
MaisTurvaSão - Inconfidências à Mão aka O Tupperware Onanista)
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Placidamente refastelado de encontro à recordação.
Armazém guloso da experimentação primeira, do gesto conduzido por mão sábia que ensina a depositar corações feitos de canela. E estrelas. E flores...
Amores assim que a custo se fazem de encontro a um doce que se decora.
E o A que encerro no recipiente da memória guarda o coração que não consegui abandonar.
A perfeição dos que se lhe seguiram não teve o mesmo sabor...
Inigualável rótulo, a letra primeira do alfabeto: Amor doce.
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