sábado, dezembro 02, 2006

a deselegância


Há sempre um pouco de maldade na deselegância. Maldade do espírito, maldade da carne ou má vontade, apenas.
- A deselegância não é obrigatoriamente vil, é desleixada, descuidada, mas estraga. Não há necessariamente um interesse vil na deselegância, mas o impacto dela é como um vilipêndio aos que se mantêm dispostos.
- A deselegância não mede esforços, ela é natural, como erva daninha, brota em solo seco, húmido, pisado ou bem passado.
- A deselegância é desanimadora, não ao deselegante, mas ao deselegantado (que palavra mais deselegante), faz ruir com ela qualquer possibilidade de apreciação, lapidação, contemplação e absorção.
- A deselegância não quer formar bloco, partido ou movimento. Não quer patrulha, e não quer querer.
- A deselegância é simples, como um espirro.

-A deselegância não se sabe deselegante, não se vê diferente, mas aponta tudo quanto é trabalhado como rebusque afetado do ócio polpudo.
- A deselegância não se vê diferente, mas inveja tudo quanto soe refinado padrão, ou patrão.

- A deselegância não fede, nem cheira bem.
- A deselegância não negocia, nem volta atrás.
- A deselegância não mede palavra, nem safanão.
- A deselegância não tem vergonha, nem coração. Não vê borboleta, só avião.
- A deselegância não é burguesa, pequena, ou pobretona.
- A deselegância é mais simples. É despreocupação. O deselegante não passa nervoso, nem depressão.
Tem colesterol, hemorróida, frieira, e constipação ...
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